E continua a novela...desastre ambiental em Mariana MG!

Boa tarde, fiéis leitores!

Bora começar o primeiro post do ano aqui no Blog, com assuntos relacionados à tragédia de Mariana, MG?

Pois é, dois meses se passaram e a novela continua!

Digo "novela" no sentido de indignação, pois infelizmente, são tantas especulações, tantas informações desencontradas e misturadas a tanto sofrimento que chega a decepcionar, principalmente a nós,  meros telespectadores de um dos maiores desastres ambientais dos últimos tempos! 


...sim, isso mesmo, chega a embrulhar o estômago, devido a tanta demagogia!


Foto: Google

Eu faço parte do grupo das pessoas anônimas que mobilizou amigos e conhecidos para arrecadar doações e encaminhá-las aos desabrigados! Foi o mínimo que pude fazer, para demonstrar o sentimento de tristeza, solidariedade e revolta, diante a essa tragédia!

Me sensibilizei literalmente, como todos se sensibilizaram; chorei, como muitos choraram ao ver e ouvir relatos dos moradores daquela região. Gente que perdeu tudo, gente que perdeu amigos, parentes, vizinhos...gente que perdeu a dignidade, gente que perdeu a vida!

Só agora resolvi comentar sobre o assunto, por causa de tantas informações contraditórias, tanta desinformação e de pessoas que simplesmente, usaram o sofrimento alheio para se promoverem!

Mas o que me levou a postar sobre isso hoje, foi exatamente a matéria supracitada, haja vista, não concordar com algumas coisas...

...não vou ficar apontando culpados, procurando justificativas e muito menos me colocando do lado de alguém! Pois independente de quem seja, do que aconteça, uma coisa que aprendi com a minha saudosa mãezinha, é que devemos sempre ficar ao lado da justiça e da verdade...



Foto: Google
Mas que verdade? Que justiça?

A verdade que cabe somente aqueles que vivenciaram a situação; a verdade que somente aqueles que conviveram durante todo o tempo com os envolvidos, antes de acontecer a tragédia; a verdade que não compete nem a mim, nem a você, decidir, porque nós não estávamos lá, nós, não morávamos lá, para sabermos afinal, o porque daquelas pessoas viverem ali, tão perto do perigo anunciado...nós, não trabalhávamos lá para conhecermos a fundo o funcionamento da empresa e suas questões práticas de segurança, no dia a dia!

Então somente resta tentarmos nos auxiliar através da justiça...mas a justiça também, não nos compete nesse momento! Por mais que sejamos contra ou a favor, seja dos desabrigados ou seja das empresas envolvidas, a nossa voz, será apenas mais uma no meio da multidão, gritando por socorro, por justiça!

Tem uma frase, que carrego sempre comigo: "Dê a César, o que é de César"!

Será mesmo que somente a justiça (seja ela, civil, criminal e/ou ambiental) poderá ser capaz de decifrar os verdadeiros fatores que causaram tamanha tragédia?

Como? Já que esta mesma justiça que condena, é a mesma justiça que deveria fiscalizar e evitar que a tragédia ocorresse? E se a tragédia ocorreu, entende-se que não houve fiscalização, e se houve, alguém falhou ao fiscalizar!

É uma "faca de dois gumes" esperar que as coisas se resolvam apenas com condenações prematuras!

Digo condenações prematuras, porque na matéria do G1, cita-se que: "Em nota, a Samarco afirmaou que não concorda com o indiciamento dos profissionais" porque até o presente momento não há uma conclusão pericial técnica das causas do acidente".

É um direito da empresa não concordar, afinal, tecnicamente, não podem indiciá-los pelo ocorrido sem antes terem a prova; prova esta, que deverá ser minuciosamente analisada, periciada e aí sim, conclusiva!

Entende-se que, se a PF está indiciando os "culpados" é porque houve a realização da perícia ambiental para que se chegasse a essa conclusão; e creio eu, que se chegaram a essa conclusão, basearam-se em todos os parâmetros legais que devem ser realizados através da perícia ambiental.

Uma tragédia desta magnitude, não pode ser baseada apenas na Lei de Crimes Ambientais (9.605/98); é preciso avaliar o impacto ambiental como um todo, e para isso, necessita-se de uma equipe multidisciplinar.

Para que uma perícia ambiental seja realizada de forma transparente e que não deixe dúvidas, há a necessidade da realização de uma complexa análise pericial, diante a situação atual; onde deverá ser verificada a real extensão do problema que envolve todas as questões ambientais do local, e entende-se que tais questões, vão além dos conhecimentos da polícia (a menos que essa própria polícia, tenha um perito ambiental, que atenda a todos os requisitos exigidos de um perito para auxiliá-los nesta questão, conforme regulamenta o CPC em seus artigos 420 a 439).

Numa situação dessas, a veracidade dos fatos é imprescindível para que não haja injustiças, ao apontar os "culpados".

Outro ponto importante, que faço questão de questionar aqui é: Por quê os órgãos fiscalizadores não estão sendo citados nessas condenações?

Como representante de órgão ambiental fiscalizador, sei da tamanha responsabilidade que é você avaliar, opinar e emitir um parecer e/ou uma autorização, principalmente ambiental. Mas entendo que, se houve dúvida durante a avaliação, porque não pesquisaram ou pediram uma segunda opinião técnica antes de autorizarem? Ou se não houve fiscalização "in loco", mas apenas análise de documentos, como pode um fiscalizador em sã consciência, agir desta maneira anti-ética?

Se as medidas preventivas tivessem sido realizadas, não estariam agora, atirando para todos os lados e tentando correr contra o tempo para aplicar as medidas corretivas e mitigarem os impactos causados.

Bom pessoal, só relatei aqui, a  vocês a minha opinião, como profissional da área ambiental (dividindo com vocês parte, do pouco conhecimento técnico que tenho ), mas principalmente como cidadã, mãe, filha, esposa, amiga, tia e principalmente, como ser humano, que não se sente nem um pouco feliz ao estar comentando um assunto tão triste e trágico como este.

Sei que muitos irão me criticar, mas quero deixar bem claro, que criei este Blog justamente para isso, para expor aqui minhas ideias, pensamentos e opiniões, independente se vão aprovar ou não; pois, na maioria das vezes é melhor postar em um Blog o que você pensa, pela autonomia que você tem de opinar, do que ficar postando certas coisas em redes sociais, que só irão causar polêmica e desgastes desnecessários com pessoas que apenas leem e não interpretam o que foi escrito!

No fundo, no fundo, eu só espero que a verdade apareça e que a verdadeira justiça seja feita, independente de quem sejam os culpados; os moradores atingidos não podem continuar vivendo nessa incerteza de quando terão e se é que terão, "suas vidas de volta"!


Foto: Google

E quanto as especulações, as informações contraditórias e algumas inverdades tanto sobre as empresas, quanto sobre os sobreviventes e atingidos por esta tragédia, eu prefiro continuar apenas assistindo de longe o desfecho desta tragédia e torcendo para que possam ter um final menos doloroso, porque um final feliz é impossível imaginar neste momento!

Abraços,

Cátia Rodrigues
Tecnóloga em Gestão Ambiental













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